Têm que se encontrar outras formas de ajudar quem quer ajudar
- teresa peixe
- 9 de out. de 2017
- 3 min de leitura
O post de hoje não era este. Mas a situação irritou-me de tal maneira que tive que vir escrever qualquer coisa.
Preocupam-me os posts que tenho para esta semana porque já dois se baseiam em variações da mesma palavra…Irritar!
Talvez fosse uma boa estratégia fazer a “palavra da semana”… vou pensar nisso, para deixar de pensar nisto que hoje me traz aqui.
Acho que umas das palavras que melhor me descreve é generosidade. E já não digo com o orgulho de outros dias, porque agora ser-se generoso chega a ser… parvo!
Agora o importante é sempre o “eu”. E, obviamente, que se o “eu” não estiver bem, a generosidade vai pelo ralo… mas caramba, há limites, há equilíbrio.
Hoje, logo cedo, recebi uma mensagem de um amigo a dizer que, no sitio onde trabalhamos, estava um cão. Perdido, abandonado… Quando cheguei achei que já estaria a situação resolvida, porque não o vi. Como se fosse possível… (verdade se diga que eu devo viver no país da fantasia…!)
Quando vim apanhar ar ao fim da manhã dou de caras com o belo do bicho. Já tinha uma tigela de água e outra com comida, mas continuava ali. A polícia teria sido contactada, mas não iam fazer nada.
E então o que se faz?
Para além de partilhar nas redes sociais...

Encontrar um animal perdido é arranjar problemas, despesas e com grande probabilidade arriscar-se a ter que ficar com ele, mesmo que temporariamente. E na pior da hipóteses haverá quem só possa voltar a abandonar. Por isso, poucos fazem alguma coisa.
Nos dias que correm, de trabalho e transito e vida, não há forma de dizer “vou só ali tratar daquele bicho, para ele não ficar ao frio ou ao calor ou sem comida, ou em risco de ser atropelado"… E não há quem se chame para resolver a situação. Como é possível?!
O percurso seria pegar no cão, levar a veterinário para ver se tem chip. Em tendo, talvez (sem certezas) se resolva, em não havendo qualquer registo… ou se paga a estadia do cão por tempo indeterminado ou se vai bater a portas de associações do estado ou fora dele para ouvir a palavra “não”, consecutivamente.
A palavra devia ser “sim”, ainda que esse sim obrigasse a uma qualquer responsabilização por parte de quem encontra. Quem vê um bicho numa estrada não pára porque, julgo (vá, que ainda acredito um bocadinho na humanidade) sabe que ninguém ficará com ele e não por possíveis custos que possa ter.
Relativamente ao canil municipal, nem me vou alongar já que há anos sinto vergonha.
Estava decidida que se, ao sair, o cão ainda lá estivesse, o levaria a um veterinário e de seguida para a porta da Câmara Municipal.
Porque é que as pessoas prendem animais às grades de instituições de acolhimento e não o fazem na câmara, que devia agir?
De que servem manifestações e cartazes se não obrigamos, quem deve, a agir de facto? A ter que resolver no imediato.
Acho que os veterinários também devem ser responsabilizados. A cada animal (não-humano) que entrasse na clinica, hospital, consultório, etc, seria verificada a existência de chip e a sua obrigação de ser colocado antes de voltar a por as patas na rua, com registo imediato. Relativamente a comparticipações do estado, logo falaríamos.
E claro está, um registo criminal e impedimento de ter qualquer animal para casos de maus tratos e abandono, para sempre.
Bem, a verdade é que não sei como sairia da porta da câmara, deixando o cão preso… o que não faria, mas logo resolveria a situação. Calculo que o rapaz me tenha adivinhado os pensamentos e que, talvez por isso, se tenha escondido quando estava de saída…
Tendo ficado a matutar no assunto e não conseguindo ficar aqui sem fazer nada, fui buscar o meu amigo e procurar o bicho, sem qualquer plano delineado.
Valham-nos as redes sociais... Quando chegámos nem cão, nem as tigelas de água e comida… o dono tinha visto a partilha nas redes sociais!
Já é a 4ª vez que histórias destas, em que decido agir, correm bem.
Mas e se tivesse sido abandonado? A quem recorrer?
Têm que se encontrar outras formas de ajudar quem quer ajudar.
Kommentarer