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Pastéis de Nata

  • Foto do escritor: teresa peixe
    teresa peixe
  • 20 de abr. de 2017
  • 3 min de leitura

“Eu é mais é bolos!”... É uma frase que não se aplica a mim. Às vezes lá me apetece um mil folhas de chocolate da Versailles, mas já nem esses me movem. Nunca fui fã de bolos. Sabe-me bem, às vezes, ter em casa um bolo seco, mármore ou algo do género, que possa ir comendo a meu bel-prazer e lembrar-me da casa dos meus avós e de outros avós emprestados. Agora, deslocar-me ou não passar um dia sem um bolinho, nunca fez parte de mim. Se falar de chocolates, já o discurso é diametralmente oposto. Bem, gosto de uma bola de berlim na praia, mas das antigas. Gosto dos travesseiros da Piriquita. Gosto, repito, dos mil folhas de chocolate da Versailles e gostava muito dos pastéis de nata de uma pastelaria, que não sei se ainda existe, chamada Moinho Vermelho e que, por sorte, era em frente à minha escola de condução.

Não como um pastel de nata verdadeiro há muito tempo. Talvez desde essa altura da carta de condução, que não digo há quantos anos foi. Volto a dizer que sou muito esquisita, prefiro referir-me a isso como tendo um paladar e olfacto muito apurados, para além de algumas questões que julgo já estarem mais para o lado da psiquiatria e que um dia talvez vos conte... Isto para dizer que aquela coisa de “A Padaria Portuguesa isto”, a “L’Éclair aquilo”, a “Sacolinha não sei quê”... para mim são tretas. Comem-se, mas daí a serem estupendos...

Não tenho comido pastéis de nata, mas até gosto dos pastéis de belém, que não são pastéis de nata! Confesso que quando vejo as filas à porta, rapidamente abdico dos mesmos. Aliás, filas e enchentes, desmotivam-me no geral (o que também julgo dará, um dia, um bom tema para desenvolver...). Adoro passear a pé e num destes fins de semana decidi parar o carro na Avenida da Liberdade descer até ao Rio Tejo, passar no Mercado da Ribeira, subir a Rua do Alecrim, atravessar o Largo de Camões, subir a Rua de Misericórdia, descer novamente para a Avenida, subir até ao cinema São Jorge para depois atravessar a rua e chegar, finalmente, ao carro. Ficaram cansados? Eu fiquei! Mas vinha feliz, de barriga cheia e um saco que iria fazer as delícias do serão. Na zona do Rossio chamou-me a atenção o que julgo que se chamava Fabrica de Pastéis de Nata, algo assim... e uma vontade enorme de experimentar se apoderou de mim. Apesar disso, algo me fez conter. Peguei no “meu” Zomato para saber de que se tratava... Com isto passou-me pelos olhos outra "fabrica" onde andava a adiar ir, a Manteigaria. Adio, porque tenho medo da decepção. Queria mesmo voltar a encontrar uns pastéis de nata que me enchessem as medidas (bem, os pequeninos da Sacolinha não são nada maus, diga-se!).

Como estava com fome quando cheguei ao Mercado da Ribeira, comi “umas croquetas” daquelas “diferentes”, que eu adoro e enquanto mastigava lembrei-me que a Manteigaria também andava por ali... Com medo da decepção ainda ponderei não experimentar, mas não resisti. Olhei para eles e achei-os amarelos demais. Gosto quando têm mais manchinhas pretas... não necessariamente estorricados, mas para amarela já basto eu!

Pedi um para experimentar. E dediquei-lhe tempo. Para olhar, apertar um bocadinho, acho que (e a minha mãe que não me leia...) até o cheirei! Decidi que era altura de experimentar e saborear. (Não ponho açúcar nem canela nos pastéis... de nata!) A massa estava estaladiça, muito mui__________to muito boa. Ao recheio, dei-lhe tempo para me conquistar. Não tem, para mim, o sabor exacto do pastel de nata que me lembro, ligeiramente mais leve, mas fiquei completamente convencida que, para já, podem ser os substitutos das minhas boas memórias nos que diz respeito a este assunto. Acho que ficam entre os pastéis de belém e os da minha memória, mas superam, para mim em muito, os famosos belenenses. Fui atendida por uma simpatia, que me convenceu a levar mais do que queria e ainda bem que o fez!

Gostei tanto que nesse dia comi mais 2 e no dia seguinte outros 3! Felizmente, vão pensar, que como sou escanzelada, posso comer sem preocupações... desenganem-se. Sou magra, sim, mas tenho coisas a mais em sítios onde preferia não ter e não há meio dos pastéis e croquetes e afins se acomodarem nos sítios em que gostava! Malandros!

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