O fim do medo
- teresa peixe
- 18 de abr. de 2017
- 1 min de leitura
Manda parar o vento, por favor.
Está a enlouquecer-me.
Faz me perder dos sentidos.
Nem ver nem ouvir nada para além do seu sopro, violento,
mas incapaz de levar esta tensão do meu pescoço.
Que não me deixa respirar.
Que arrasta o medo pela mão.
Sempre o mesmo medo.
Este medo doido que me torna sombra de mim.
O vento sempre me deixou louca.
Como se cada fio de cabelo se ligasse a uma célula cerebral
e a agitasse.
E misturasse
tudo outra vez.
Tudo o que os dias de verão,
demorados e quentes,
conseguiram fazer pousar em lugares
profundos e escuros,
mas arrumados, organizados.
Esquecidos,
Sossegados.
Sonho que o vento pare.
Há anos.
E que este meu medo
desapareça todo.
Não quero tapar a cabeça.
Fingir que fujo. Fugir de fingir.
Quero imergir na tranquilidade
e deixar que me preencha inteira.
Para quando o vento voltar
e me despentear os sentidos
me sinta livre para poder sentir
o seu sabor.
(isto do "faz qualquer coisa", surgiu da minha inércia. São desafios que me são dados e cumpridos no que me sobra das 24 horas seguintes.)
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