Dois dentes de conversa
- teresa peixe
- 5 de set. de 2017
- 2 min de leitura

Hoje de manhã dei por mim a fazer-me uma questão muito pertinente, com a qual espero que todos se identifiquem.
A minha mãe, comigo na barriga, teve uma crise de paludismo que a obrigou um tratamento agressivo, que ao que parece se reflectiu na falta de qualidade dos meus dentes. Não fosse isso, e dada a minha condição de quase obsessiva-compulsiva, os meus dentes podiam deteriorar-se apenas por excesso de limpeza!
As minhas idas ao dentista começaram cedo, mas não vou aborrecer-vos com horas e horas de boca aberta.
Apanhei de tudo: os bons, os maus, os carniceiros, os médicos, os tio patinhas…há de tudo, como em todo lado!
E descobri uma única coisa que todos têm em comum e para a qual não tenho explicação.
Ora, chegamos, e embora nas primeiras consultas haja alguns minutos extra de questões, sentam-nos, põem-nos o babete e pedem-nos para abrir a boca, onde vão colocando filtros de algodão, aspiradores, um ou dois dedos de uma mão e, com sorte, ainda um daqueles maravilhosos adereços que usam para nos escarafuncharas dentes. E ai, sim, começa o verdadeiro questionário.
- A mãe está boa?
- Hum-hum
- Já viu a confusão em que está este país?
- Hum
- O que é que acha do nosso presidente?
- Herrrrr… hum….
- Espere, agora não pode falar.
(humpf)
- Este dente foi desvitalizado?
- Hummmão
- Esta música é muito boa. Gosta? Não, a Teresa deve preferir…
Até que tento dizer que não vou responder a mais nada e assim faço.
Não entendo se nas aulas lhes foram dadas lições de “como perceber o idioma dentistês (ou dentistano)”, mas confesso que acho que não lhes deve bastar ver-nos em sofrimento, como ainda nos querem a fazer figuras de parvo.
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