A minha experiência vegetariana já não é quase nula
- teresa peixe
- 30 de mai. de 2017
- 4 min de leitura
Não sou vegetariana. Se leram o post “As 5 razões do que influencia o quê e porquê” sabem isso. E não sou porque evito pensar no assunto. Acho que essa é mesmo a única razão. Quero, para já, continuar a ser como as crianças que acham que o leite vem do continente.
No dia em que decidir permitir que me mostrem as atrocidades que são feitas (e mais não vou dizer) para que o que compro apreça bonitinho e embalado e sem forma, certamente passarei a ter outro tipo de alimentação.
No outro dia dei por mim a pensar no homem da pré-história, nos seus hábitos e a compará-los com os de hoje. Fiquei baralhada... esta coisa da evolução e involução tem muito que se lhe diga... Mas, este post não é sobre isso... talvez num outro dia...
Já não ia a um restaurante vegetariano, há anos. E há anos é há anos. Muitos. Numa altura em que pouco se ouvia falar deste tipo de restaurantes, antes deste boom do que é bom e mau e biológico... Não fiquei fã. Não voltei a ir. Esse restaurante ainda existe e hei de lá voltar agora. Mais informada, mais preparada, mais disponível. Mais capaz de saber escolher, talvez!
Tinha um jantar marcado e sabia que teria que ser num restaurante vegetariano. É mais fácil que quem não é vegetariano se consiga “safar” num restaurante desses que o contrário, apesar das modas...
Lá fomos.
Eu, em boa companhia, prefiro um espaço em que se coma realmente bem a um que seja muito bem decorado, mas que deixe a desejar no que diz respeito a alimentar este corpinho, que quem conhece sabe não ser fácil! Mas não se deixem enganar, gosto muito do “viver bem”.
Parei o carro perto da Avenida da Liberdade e fomos, sem reserva, numa sexta feira, digamos que, à aventura. Subimos até à praça da Alegria e parámos à porta do Planeta Bio. Tínhamos outras opções, mas sem saber porquê, assumi que seria ali.
Tinha algumas mesas ocupadas, havia lugar para nós.
O espaço é vazio. Pelo menos é esta a sensação que tenho agora, mas a verdade é que tudo o resto foi tão bom que pouco interessa se é ou não um espaço de conforto à partida quando se torna tão agradável ao correr do tempo que lá estamos.
Como também já disse, gosto muito de experimentar tudo o que vem para a mesa, tendo sido pedido por mim ou não, o que, às vezes, não é bem recebido pelos que fizeram a escolha!!! E neste aspecto, este é o restaurante ideal para pessoas como eu. (Sim, não sou a única com esta característica!). Aqui está a explicação:

Podemos pedir um prato com um bocadinho de tudo! Não é maravilhoso? Para mim foi!
Experimentei o strogonoff de seitan, a moqueca de tofu, os rolinhos de beringela com molho de iogurte e o ratatouille de legumes... Para acompanhamento pedi cous-cous e salada, mas ainda dei uma garfada no arroz integral que nos davam como alternativa.
Estava tudo, tudo sem excepção, delicioso. Os cous-cous estavam imbatíveis e de cous-cous, garanto, tenho experiência há mais de 30 anos!
Estava mesmo tudo muito bem confeccionado e saboroso e eu sou muito muito esquisita!
Quando nos trouxeram o jantar, pousaram um vinagre em cima da mesa “que tínhamos que experimentar”. Era vinagre de mirtilo e, de facto, teria sido quase um crime não o saborear. É difícil ver superar expectativas a esta velocidade, o que nessa altura, verdade se diga, já tinha interiorizado. Fiquei rendida no momento em que me desafiaram a beber um sumo com beterraba, “à confiança”!
Há meses que luto com o meu não gostar de beterraba. “Diz que” faz tão bem e eu sem a conseguir ingerir. Chego a pensar que preferia arrancar terra do chão e comê-la...
E agora percebo que nem tudo está perdido!

O sumo era de maçã, cenoura, laranja e beterraba e digo-vos, alguém descobriu a fórmula mágica para que pessoas como eu consigam finalmente consumir aquela coisa que sabe ao cheiro da terra molhada. O sumo é de não querer que acabe e além disso é bonito, que a malandra da beterraba tem os seus encantos para nos tentar contornar!
Ainda olhei para os doces, mas estava capaz de rebolar...
Ainda se existisse um prato misto de sobremesas, (fica a sugestão!) talvez me tivessem convencido, mas assim, resisti, embora a imagem da mousse de chocolate tenha demorado a sair-me da cabeça.
Quem nos atende e a forma como somos tratados faz a diferença. A inteligência e a sensibilidade para saber ser reservado e tactear a forma de poder sugerir, rir, intervir, muitas vezes escasseia ou é confundida com a possibilidade de passar do “à vontade” ao “à vontadinha”, ou pela forma de tratar “por cima da burra”, com aquilo a que costumo chamar de arrogância saloia. Aqui fui atendida, primeiro com uma deferencia que foi sendo substituída por uma atenção à distância e depois por uma simpatia mais próxima, sem nunca serem ultrapassados quaisquer limites.
Este não é um restaurante a que precise de dar uma nova oportunidade, embora pela companhia e pelas conjunturas da vida possa estar a sobrevalorizar, mas não me vão faltar oportunidades para escrever se algum dia sentir que me enganei!
E não, não tinha a assinatura do chefe a molho de soja na lateral do prato, não! Não tínhamos velinhas acesas na mesa, não! A toalha, julgo que era de papel e os guardanapos também. E se querem que vos diga, só agora pensei nisso!
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